O Instituto
Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade, ICMBio, aprovou o Plano de
Manejo Florestal Sustentável Comunitário da Vila Céu do Mapiá, Floresta
Nacional do Purus-AM, no último mês de abril.
No dia 2 de julho de 2013, publicou a Autorização de Exploração (AUTEX)
para a primeira Unidade de Produção Anual - UPA 1 do Plano.
“Com a
publicação da AUTEX, agora podemos dar início às atividades”, esclarece o
engenheiro florestal Pedro Christo Brandão, responsável técnico pelo Plano de
Manejo.
O processo de
elaboração deste Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) teve início em
2007, quando foi realizado o primeiro inventário florestal na área destinada ao
Manejo Florestal nos arredores da Vila Céu do Mapiá, maior centro populacional
da FLONA do Purus, com cerca de 600 moradores.
Os
inventários foram concluídos em 2009 e o PMFS foi protocolado no ICMBio em
dezembro de 2010. Foram mais de dois anos de espera pela aprovação do Plano e
autorização para início do manejo. Este PMFS é resultado do trabalho de
Doutorado do engenheiro florestal Pedro Christo Brandão e foi construído em
parceria com a Associação de Moradores da Vila Céu do Mapiá (AMVCM) e o grupo
de manejadores da vila.
“Esta
aprovação possui significado histórico no manejo florestal sustentável na
Amazônia”, destaca Felipe Simas, engenheiro agrônomo, diretor executivo do
Instituto Socioambiental de Viçosa (ISAVIÇOSA), do qual Pedro Christo também é
diretor. A equipe do ISAVIÇOSA, desde 2003, dá apoio técnico à implementação de
diversas atividades desenvolvidas na FLONA do Purus, incluindo o Plano de
Manejo Florestal.
“A Vila Céu
do Mapiá é uma das primeiras unidades de conservação a ter um Manejo Florestal
Comunitário. Este aspecto comunitário é um dos grandes diferenciais deste Plano
de Manejo, uma vez que a exploração em FLONAs (Florestas Nacionais) tem sido
predominantemente empresarial”, ressalta Pedro Christo.
Entenda a importância da aprovação do
Plano de Manejo Florestal Sustentável Comunitário da Vila Céu do Mapiá:
Para a comunidade – Para a Vila Céu do Mapiá, a
aprovação do plano é de fundamental importância, pois legaliza, regulariza e
ordena a atividade florestal local, em especial a exploração madeireira.
O objetivo
principal do plano de manejo é a exploração sustentável de produtos madeireiros
e não madeireiros em uma área determinada, de aproximadamente mil hectares,
localizada na Zona de Uso Comunitário da Vila Céu do Mapiá.
A ideia dos
manejadores é implantar uma serraria com equipamentos que permitam melhorar o
rendimento no desdobro da madeira, substituir o uso de motosserra que gera
grande desperdício, e agregar valor ao beneficiamento, de forma que possam
produzir todas as peças necessárias para construção civil e outras
benfeitorias, e não precisem mais trazer madeira de serrarias de cidades
vizinhas, oriundas de exploração ilegal.
O Plano de
Manejo Florestal, além de ordenar a atividade madeireira - o que é um grande
benefício para as gerações futuras da comunidade, pois garante a renovação do
estoque de madeira - traz também a possibilidade de geração de renda na
comunidade e circulação interna de recursos.
Para a FLONA do Purus e entorno - A expectativa é de que a realização
do Plano reflita positivamente em toda a FLONA do Purus e no entorno, já que
essa é a única exploração de madeira legalizada no extremo Sul do Amazonas O Plano de Manejo Florestal servirá como
referência, como projeto piloto para outras comunidades da floresta, incentivando
a adoção das práticas do manejo florestal na região em detrimento da exploração
desordenada da floresta e de outras práticas nocivas ao ecossistema amazônico,
como a substituição da floresta por pastagens visando a criação de gado. Vale
ressaltar que Boca do Acre, município vizinho à FLONA do Purus, possui o maior
rebanho bovino no Estado do Amazonas.
Para a política florestal do país -
este é o primeiro Plano de Manejo Florestal Sustentável Comunitário
aprovado pelo ICMBio em uma Floresta Nacional, dentro da regulamentação da
Instrução Normativa 16/2011. Constitui experiência modelo que poderá ser
replicada para outras Florestas Nacionais e Unidades de Conservação do país.